4x04 – Eggtown – Comentários

Flash Forward: Kate e Aaron

O tão esperado episódio “Eggtown” chegou, e chegou para jogar por terra todas as especulações baseada nos spoilers e na visão dos poucos felizardos que os viram há mais de um mês. Fiz uma promessa: não me baseio mais na interpretação de ninguém para pensar ou especular algo sobre Lost e principalmente sobre o triângulo amoroso. Não compensa o estresse. E sempre sofro mais do que deveria, pois normalmente “o capeta não é tão feio quanto pintam”.

Miles é um mercenário, serve àquele que paga mais. E aparentemente trabalha para o chefão da “quadrilha” que Sayid persegue no futuro, isto é, Widmore. Ben é a caça, e sabe disso. Agora como Ben conseguiu tanta grana sendo um ermitão? Acho que a ilha não é tão “sagrada” assim para o chefe dos Outros, que aparentemente, em algum momento foi corrompido pelo poder do dinheiro, e enquanto podia entrar e sair da ilha no submarino, estava tudo bem. Aposto que ele deu um golpe nessa turma, por isso estão atrás dele. E que golpe! Lembremos que ele tomou a liderança de Widmore e ainda o expulsou da ilha!

Locke cada dia mais louco. O exemplo clássico de como o poder pode subir à cabeça. E que mudanças no comando, nem sempre é a melhor coisa a ser feita. Um líder não se cria, um líder nasce pronto. Um líder é coisa de instinto, é saber o que fazer o que falar, é fazer o que tem que ser feito. Escuta os liderados, mas faz aquilo que é melhor para o grupo. Por isso admiro tanto o Jack. Agora! Quem dizia que Jack era arrogante, prepotente e que fazia o que queria pelo bem de seu ego, deve estar no mínimo, amargando essas palavras. Vejam John Locke, um megalomaníaco, um “Zé-Ninguém” que esteve sempre nas sombras, bastou jogar um pouco de luz e a criatura se revelou pior que Stalin. Ditadura é pouco. Bem feito para quem seguiu esse louco. E a confiança de Ben, que sabe que Locke está perdido, é impressionante! E a atitude de Locke em colocar uma granada na boca de Miles e expulsar Kate sumariamente, só demonstram sua fragilidade. Ele sabe que tem uma conexão com a ilha, mas não sabe como lidar com ela, devido a sua falta de confiança em si mesmo, e isso o frustra. É como ele se sentisse eternamente aquela criança abandonada pela mãe, o homem patético enganado pelo pai, preso a uma cadeira de rodas imaginária.

E os problemas de Daniel com a memória já estavam se manifestando, e agora entendemos sua revolta em se lembrar de duas cartas em três, para que serviu aquele teste. E mais, como assim o helicóptero ainda não chegou ao cargueiro, depois de uma dia de viagem que duraria por volta de 2 horas? Mistérios que só teríamos alguma noção na quinta temporada.

E Kate?! Nossa como a verdadeira Katherine Anne Austen se revelou nesse episódio. Lembram do spoiler que dizia que devíamos nos focar em que tipo de pessoa Kate se tornou? Eu gostei dessa nova Kate. Uma mulher forte, que não precisa do “colinho” de ninguém. Uma mulher que mesmo querendo se jogar nos braços do homem que ama (alguém duvida que na cena da garagem ela não queria que Jack a seguisse?), não vai passar por cima daquilo que quer para curar as frustrações de ninguém. Essa Kate do futuro não é mais a inferiorizada. É uma mulher que descobriu realmente aquilo que é e aquilo que quer para sua vida.

E essa descoberta começa na ilha. Quando ela diz: “Vai devagar! Espera!” Quando ela se levanta da cama de James com a indagação: O que estou fazendo aqui? Por que me contento com menos do que aquilo que mereço? Go Kate!

Skate! Ah! A relação skate! O que dizer dela nesse momento? Faço um parêntese e deixo minhas condolências a quem ainda insistia em acreditar neles. Sério! Fiquei com pena dos skaters. Tantos castelos de areia levados pelos ventos da verdade! Mas... a vida continua! Encontrem outro ship, a vida é assim mesmo, um dia a gente acerta, no outro não.

Fiquei com pena do Sawyer! Não precisavam ser tão crueis. Não precisavam mostrar Sawyer como o cachorro sem dono implorando por um afago.

Achei tão OTP ele “fazer compras no shopping Dharma” e abastecer seu armário com peças femininas no tamanho de Kate e ela tão amavelmente dizer: “Não vou morar com você James!” E Sawyer ainda se acha a última bolachinha do pacote: “Então por que veio?” – “Não é da sua conta!” Nossa Kate! Menos! Chutar cachorro morto é pecado.

Não poderia esquecer da confiança que permeia a relação skate. Sawyer e Kate sabem o que se passa na cabeça um do outro! Nossa! Acho que precisam de alguns ajustes. Já sabíamos disso depois do episódio passado quando ela grita por Sayid, mas para algumas pessoas a coisa tem que ser mais direta: Não confio em você. E perde a paciência de vez: Vá para casa! É Sawyer vá para casa, é melhor para você.

Mas Sawyer ainda é útil para Kate. E ele mesmo sabe que quando ela o procura, quer algo além de passear pelo seu corpinho escultural. Achei o golpe um pouco óbvio, mas Locke é meio anta, então não há necessidade de gastar neurônios à toa.

Kate consegue o que quer. E na sua conversa com Miles decide sua vida. Abalada pela revelação de que seria melhor ela ficar na ilha, Kate tenta mais uma vez uma ligação com a única coisa que pode fazê-la ficar. Por que não? Sawyer é gostosão, engraçado e admito, tem seus momentos. Por que não tentar? Depois de expulsa pelo novo líder ditador, tem somente Sawyer em quem se apoiar. E é atrás dele que ela vai. Sawyer faz seu teatrinho. Sou um homem sensível, vou te proteger. E ela quer acreditar nele. Nossa como ela quer, eles têm química, o sexo é hot. Mais uma vez, por que não tentar?

Dizem que o Sol tem o poder de trazer junto com a manhã, a verdade que tentamos ocultar de nós mesmos. A verdade de Kate é que a vida seria perfeita se ela verdadeiramente amasse Sawyer. Ela acorda querendo amor, cheia de carinhos, mas de repente: O que estou fazendo aqui? Vai devagar. Acho que algumas mulheres já viveram esse tipo de situação. Querem muito que algo dê certo, mas quem está te beijando não é quem você quer. É dona Kate, a vida não é feita de “faz-de-conta”. Não adianta só querer que dê certo, é preciso sentir, e ninguém engana a si mesmo por muito tempo.

Mas eis que o Ogro se revela: “Vamos lá, assim parece que não fizemos isto antes. Estou bem mesmo que NÃO tenhamos ido até o fim ontem à noite.” Como assim não foram até o fim? Segundo comentários da época, Kate estava "naqueles dias"...é, o povo sabe até do ciclo menstrual dela! Sexo era o que ligava esses dois e agora nem sexo eles têm mais em comum. “Entendo, você estava triste. Digo, como você resistiu depois de todo aquele ‘vou te proteger’ e tudo mais?” Peraí, a preocupação do Sr. Ford era fake? Só mais uma “lábia” pra levar a moça pra cama? Ele ainda insiste achando que ela está preocupada com a gravidez e quando ela revela que tem certeza de não estar grávida, Sawyer mostra a sua verdadeira face com um grito de felicidade daqueles de quem viu seu time ganhar o campeonato mundial. Mas ele não ama a Kate? Não entendo esse amor. Ter um filho com quem se ama é uma prova de amor, afinal é a mistura dos dois, é como perpetuar-se e perpetuar o seu amor. Mas para quem achava que James iria ser um dedicado pai de família e marido exemplar, as palavras do bom sarcástico Sawyer de antigamente é uma boa explicação: Um tigre nunca muda suas listras, baby! Nem vou comentar o tapa. Os dois mereceram. Ela ouvir o que ouviu para vê se aprende a escolher melhor suas companhias e ele por praticamente ter chamado ela de vagabunda.

E assim, vistam seus pretinhos básicos, por que o enterro skate promete ser muito em breve.

Mas na vida quando um ciclo se encerra, outro se inicia, não necessariamente e imediatamente após o término do outro. Por isso ainda digo que o futuro é Jate.

A cena do julgamento não foi menos que linda! Perfeita! A surpresa de Kate em ver Jack lá para apoiá-la. E Jack fazendo uma das coisas que abomina, mas por um bem maior. Ele disse coisas que gostaria que ela tivesse feito, tais como contar para ele o porquê do agente federal, confiar nele para dizer a pessoa que ela verdadeiramente é. Sorte dela, que o amor de Jack o fez ver através da sua máscara.

Ela estava incomodada com a mentira que eles tiveram que contar sobre o acidente, óbvio, mas viu a tensão também de saber que podia ter sido tudo tão diferente se tivesse agido tão diferente. Viu o que teria sido sua relação com Jack se tivesse confiado nele. E isso machuca. Saber o quanto se perdeu em tentar ser o que não é.

E quando ele diz que não a ama mais, percebe-se no olhar dos dois o quanto aquilo seria duro.

Jack fica abalado por dizer e ela mais ainda por escutar. É a confirmação do quanto foi estúpida. Isso dói não é D. Kate?

O reencontro na garagem não é menos que emocionante. Jack não poderia deixá-la ir embora acreditando na única mentira que se arrependeu de dizer. Alguém acha que quando ele diz que o que disse no tribunal não queria dizer de verdade, era sobre transferir a faixa de herói para ela?

E os olhos dela ao ouvir isso! Nossa! O brilho da esperança. É incrível como as cenas de olhares entre Jate dizem muito mais do que o “rale e rola” do finado ship.

Kate quer uma reaproximação. Mas há algo maior impedindo isso. A desculpa esfarrapada de Jack, o olhar de compreensão de Kate. Ela compreende, mas não aceita e deixa isso claro para ele ao deixar a bola do jogo em suas mãos. Se ele quiser, sabe onde encontrá-la.

Alguns Jaters irão se perguntar: Até quando veremos esses olhares de amor e compreensão, veremos ainda sim, Kate indo embora e Jack sozinho? Calma! Tudo que é mais difícil é mais saboroso. E Jate será ainda mais delicioso do que imaginamos.

O futuro é Jate.

Não existe gravidez. Não existe Frimples. Mas fica no ar o porquê de Jack não aceitar o “filho” de Kate, que sabemos ser Aaron, seu sobrinho. Mesmo que Jack não tenha descoberto seu parentesco com Claire, mesmo que ele pense que o bebê é de Sawyer, não tem lógica o Jack que conhecemos agir tão “infantilmente”. O que a presença de Aaron invoca? Além do sumiço de Claire, a culpa de Jack por ter deixado para trás a irmã, que ele só descobriu quando voltou para Los Angeles. E todos os outros que eles deixaram para trás, além das mentiras que contaram. Por que Kate tem sua guarda? São perguntas que tão cedo não teremos resposta. Mas fico com as palavras do vidente na cabeça, quando ele diz à Claire que o melhor para o bebê é ser criado por um casal em LA. Seria esse casal quem eu acho que é?

O futuro é Jate! A quarta temporada trouxe isso de volta.

Beijinhos!

P.S.: Agradecimentos especiais à Veri pela revisão do texto e à Karla pelas fotos!