Agatha Christie (1890-1976) é considerada um verdadeiro marco na história da literatura. Com mais de 80 obras traduzidas para mais de 100 idiomas, ela foi pioneira em seu gênero e em sua época. Suas obras são mundialmente conhecidas e conquista novos leitores mesmo depois de décadas do lançamento de suas publicações.
Com tanto sucesso alcançado, nada mais natural do que levar estes personagens e todo seu mundo de investigações criminais para além das páginas de um livro. Algumas peças teatrais e até mesmo filmes, como “Morte no Nilo” levaram toda sua genialidade para os palcos e para as telonas, no entanto, sem alcançar o mesmo êxito que obteve na literatura.
A obra de 1939, “O Caso dos Dez Negrinhos”, é considerada a grande obra-prima de Agatha Christie e, particularmente, aconselho qualquer pessoa interessada em leitura a dar uma chance a esta história. Como leitora fiel dos livros de Agatha Christie, confirmo que se trata de sua maior obra e sempre imaginei como seria ver nas telas do cinema este bem escrito enredo, onde os detalhes são as peças principais para a resolução do grande mistério.
“O Caso dos Dez Negrinhos”, que hoje ocupa os palcos londrinos como peça teatral, intitulada de “And then there were none”(“E então não sobrou nenhum”, tradução livre), é a história de 10 pessoas, que não se conhecem entre si, e que são levadas a uma ilha particular, sob diversos pretextos diferentes. Praticamente todas as pessoas chegam na mesma data, porém em momentos diferentes e começam a socializar entre si, enquanto aguardam os anfitriões da ilha, que até o momento, eles sequer conhecem.
É importante ressaltar que esta ilha particular é completamente desabitada, há apenas a mansão principal do lado oposto ao continente e, havendo limitados meios de comunicação na época, a única saída para qualquer pessoa que se encontre lá é aguardar um pequeno barco que traz mantimentos todos os dias de manhã até o local. O barco só não encosta na ilha em dias de temporais e chuvas fortes demais, que impedem qualquer embarcação de chegar perto das pedras em segurança.
No primeiro dia em que as 10 pessoas (inclusive os empregados) estão acomodadas na mansão, aguardando a chegada dos “donos da ilha”, há um evento inusitado. Agrupados na sala, as 10 pessoas puderam ouvir em alto e bom tom uma voz que vinha de um gramofone cuidadosamente escondido. Esta voz, nas palavras de Agatha Christie, vinha “inesperada, inumana e penetrante...”, e externava ao mundo tudo aquilo que aquelas pessoas mais desejavam guardar para si.
O nome de cada um dos personagens foi chamado, nome e sobrenome, denunciando-os por crimes cometidos anos antes, crimes que na justiça comum da época, jamais teriam obtido condenação de qualquer juiz ou júri. Eram crimes por negligência em sua maioria, porém não deixavam de ser crimes, afinal, como relata o livro, todas as pessoas se aproveitariam de alguma forma dos atos que cometeram; todos “deixaram acontecer” pois se beneficiariam e, portanto, foram coniventes com os crimes.
Depois dessa bombástica revelação, o clima de suspense é latente na ponta dos dedos que correm as páginas. Cada um dos 10 personagens encontra seu fim; os “dez negrinhos” têm sua morte associada a um versinho infantil homônimo ao livro. Um a um, todos vão morrendo, e ao constatar que estão verdadeiramente sós na ilha, “os negrinhos” restantes são tomados pela paranóia de que o “assassino” possa estar literalmente ao seu lado.
Tendo um passado escuso e personalidades alteradas pela tensão e pelo nervosismo, como leitores, somos imperceptivelmente induzidos a desconfiar de todos, sem exceção. A grande sacada do livro é podermos acompanhar o pensamento de cada um dos personagens, que naquele momento de total desespero e ausência de sangue-frio, reavaliam suas vidas e suas atitudes da maneira mais desesperadora possível. Desta forma, até conseguimos nos identificar e torcer para que nosso personagem favorito não seja o próximo cadáver ou mesmo o “assassino”. Toda a situação impõe uma reflexão ainda maior e mais intensa sobre os crimes que todos cometeram e pelos quais não pagaram. Para quem chega no epílogo, é interessante saber que as mortes se dão de acordo com o nível de remorso de cada um. O último personagem a morrer é a pessoa que mais se culpa silenciosamente pelo que fez e, naturalmente, é a pessoa mais abalada por tudo, lutando ininterruptamente contra um esgotamento nervoso.
Os momentos finais de cada personagem é uma espécie de “prestação de contas”, onde eles são obrigados a encarar suas ações e por fim, tomar responsabilidade por elas, pagando com suas próprias vidas.
Nos primeiros contatos que tive com LOST, foi inevitável não notar a semelhança entre as duas premissas. Na ilha mais famosa da TV, vemos desconhecidos encararem diariamente seus passados, tão complicados com a lei quanto os personagens de Agatha Christie. Ambas as obras têm uma espécie de “justiceiro”, que traz a morte para aqueles que encontram sua redenção ou que verdadeiramente arrependem-se de seus pecados. Porém já adianto que o “assassino” de Agatha Christie eram bem humano e não era nada parecido com o “Lostzilla”.
Para quem curte LOST, fica aí a dica da leitura. Agatha Christie nunca teve uma de suas obras tão bem adaptadas para fora dos livros, mesmo sem a intenção.
sábado, 20 de outubro de 2007
Rita Hayworth come Cheetos e toma Coca-Cola! #1
Postado por Carlinha às 7:18 PM
Marcadores: Rita Hayworth come Cheetos e toma Coca-Cola
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7 comentários:
Carlinha, parabéns pelo texto. Realmente esse livro tem tudo a ver c Lost,já estou empolgada com essa história , obrigada pela dica.
Sua estréia foi maravilhosa!!!!!!!
Parabéns!!!!!!!!!!!!!
beijos
Carlinha!
Vc sabe que nunca fui fã de Agatha, mas me lembro que uma das primeiras conversas que tive com vc foi sobre esse livro. Então, mesmo nunca tendo lido, mesmo não gostando da escritora, esse livro é especial para mim, pois um dia qdo eu estiver velhinha, andando pelas bibliotecas da vida acompanhada dos meus netos, vou parar numa estante de Agatha e pegar esse livro e dizer que ele me recorda uma amiga muito especial.
Super beijo pela estreia.
ILY!
Nuuussss...
Muito bom texto!!
Clap, clap, clap!!!!
Faz com que os fãs de Lost queiram ler o livro, e os fãs da Agatha queiram assitir Losto... Heheh...
Muito bom meeeesmo!
Super parabéns, Carlinha, coisa boa ler coisas bem escritas - ADORO!!!
Obrigada pelos elogios, meninas!
Obrigada por prestigiarem o blog tbm!
Kisses!
AEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!
NÃO PODERIA SER DIFERENTE, CARLINHA É SINÔNIMO DE TEXTOS MUITO BEM ESCRITOS... E AINDA FALANDO SOBRE A AGATHA CHRISTIE, SÓ COISA BOA MESMO!
VC DEIXA AQUELA VONTADE DE SAIR CORRENDO PARA IR LER O LIVRO... HEHEHEHE, PARABÉNS MINHA VMLDUI PELA SUA ESTRÉIA, GIRL YOU ROCK!! \o///
Ótima estréia, Carlinha! Eu também sei que vc é fã de Agatha Christie, já conversamos sobre isso! Vou procurar ler esse livro pra ver as semelhanças com Lost, fiquei curiosíssimo!
Espero que o Cheetos que ela come não seja o de bolinha kkkk!
Beijos, Musa!
Não, Muso! Não é o de bolinha...rsrsrsrs...
é o meia-lua, mesmo ;D
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