Amor em Flash Forward

Recentemente postei uma poesia que adoro e muito diz sobre o amor Jate. Nenhum poeta diz tanto de amor e tão claramente quanto Vinicius. “Soneto de amor total” é a lembrança e a saudade de quando acreditar em um amor assim era como observar o nascer do sol. Coisa fácil, coisa comum. Vem o tempo, as agruras da vida e descobrimos que outro verso de uma outra poesia de Vinicius também faz parte da realidade sentimental do ser humano:

“Eu possa dizer do meu amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.”

É incrível como ambas as poesias de Vinicius se enquadram e dizem muito sobre os amores de Kate.

Que o amor Skate seja eterno, enquanto dure, por que é chama e o vento da realidade sopra, e sopra com tanta força que incendeia, causando uma imagem de fogo eterno, mas queima e se dissipa na brisa leve do amor Jate, que chega de mansinho e ocupa todos os poros.

“Amo-te enfim, de um calmo amor prestante, E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade, Dentro da eternidade e a cada instante.”



Tudo a ver com Jate. Presente na realidade de cada instante, mesmo esses instantes sendo vividos pelo amor Skate. Afinal as lágrimas de uma mulher dizem muito, dizem o que se passa em seu coração de uma forma tão verdadeira que assusta.
O que nos atrai em Jate é essa capacidade de enxergar em Jack e Kate trechos dessa poesia onde vemos no olhar de cada um que de “amar assim, muito e amiúde, É que um dia em teu corpo de repente, Hei de morrer de amar mais do que pude”.



Lost nos trouxe de volta o fascínio pelo amor profundo, o fascínio pelo amor sofrido, chorado, intenso. Um amor ligado pela alma. Duas almas perdidas na terra, sem a sensação de pertencer a algum lugar, vagando entre relacionamentos fracassados. É visível a conexão dessas almas no primeiro encontro. Quando o olhar de ambos se encontra, o que se passa ao público é a sensação de que a vida de ambos até aquele momento não importa mais, o que vale é o dali pra frente.



Fazendo um paralelo entre realidade e ficção, podemos perceber no amor “Jateriano” algo de trágico que acomete nos grandes romances da história. Tristão e Isolda, Romeu e Julieta, Aberlardo e Heloisa. Histórias de almas gêmeas que ao longo de seu percurso se depararam com barreiras “quase” intransponíveis para a realização de suas histórias.

Não vou comentar sobre cada um, mas sugiro que nesse “recesso” de Lost, procurem saber mais sobre essas histórias. A que mais me fascina é a de Abelardo e Heloisa, justamente por ser verídica e inspirar os amantes ao longo dos séculos. A história de pessoas separadas pela fatalidade, ligadas pelo coração e eternizadas pelo amor.

Agora vocês devem estar se perguntando o que deu em mim para falar de amores tão trágicos e profundos e relacioná-los a Jate? Calma, não acredito que o amor que tanto nos fascina na série terá esse fim trágico. Muito pelo contrário. Acredito que apesar de compartilhar com esses amores a sua profundidade, Jate terá um desfecho tão lindo quanto. Lindo sim, por que nem a morte (caso de alguns desses amores) é capaz de separar e impedir amores desse porte.


O que me levou a essa analogia foi à idéia de que “Jate is NOT Fate” difundida e cantada aos quatro ventos depois da cena final da terceira temporada. Por que sim, existem pessoas “acreditando” que aquele era o final de Lost. Vamos dar crédito a elas, afinal, durante nove meses toda teoria poderá ser considerada verdadeira.

Considerando isso, o que temos? Uma cena final entre o casal da série que diz no olhar o quanto sofre por quererem se tocar e não poderem. O quanto sofre por estarem separados. As lágrimas de Kate são comparadas às lágrimas de Heloisa quando descobre que está impedida de realizar o seu amor ao lado de Abelardo. Lágrimas sentidas e sofridas, do querer tocar, do querer beijar, do querer... querer.

Agora me digam, se Lost terminar assim, daqui a muitos anos quando comentarem da série, de como foi boa, de como virou mania mundial... de que amor irão lembrar???
Eu sinceramente não me imagino pensando em Lost e lembrando do amor Skate. Sim, temos que reconhecer que há amor ali. Mesmo que por parte de Sawyer. Aliás, aposto todas as minhas fichas nesse amor. Esse amor irá mudar a vida de Sawyer e o fará abandonar o egoísmo, seu velho companheiro, e desistir de Kate em nome da felicidade dela. Seria um final magnânimo para um personagem fascinante como o bad boy.


Mas voltando aos grandes amores que serão lembrados. Quando falarmos de Lost no futuro os Jaters e não Jaters se lembrarão de Jack & Kate, não por que “Jate is Fate” e sim por que “Jate is Real”. Jate is Yang e Yung, Jate is Sol e Lua, Jate is Fogo e Gelo, opostos em sua atuação, iguais em sua essência. Almas gêmeas. Metades que se completam e formam a grande força da série. Afinal, aquela cena final deve dizer alguma coisa sobre a importância de ambos em Lost. Pra mim, marca um novo começo e não o final da série. E nada impede que nesse novo começo Jate se realize, não em flash backs e sim em flash forwards.